No último texto sobre tecnologia publicado aqui no blog, comentei que depois que o Elon Musk resolveu matar o Twitter, saí de todas as redes socais. Mas isso é não é exatamente verdade.
Desde 2012 mantenho um blog no Tumblr (sic) e adoro. Olhando em perspectiva, dá pra dizer que o Bike Hype surgiu no topo da curva do hype das bicicletas em São Paulo, antes dos protestos de junho de 2013 e das “ciclovias do Haddad”, num momento em que a pressão social em favor das bicicletas era múltipla e potente.
Eu estava atuando como diretor da Ciclocidade e havia encerrado meu primeiro blog, o Apocalipse Motorizado, no ano anterior. O Facebook tinha acabado de introduzir o feed algorítmico e as redes sociais começavam a gerar o espetáculo (no sentido pensado por Guy Debord) que engoliu vertiginosamente a vida planetária.
O Bike Hype surgiu nesse contexto de transformação de tudo em imagem, mas também da minha trava na escrita. Se não dava pra escrever, vamos samplear as imagens.
Sinto que a pausa na minha escrita naquele momento aconteceu por duas razões: havia me imposto um auto-silêncio em virtude do cargo representativo na Ciclocidade, mas também já não conseguia muito bem processar e traduzir a vertigem em que estávamos nos metendo.
O Bike Hype segue ativo e o Tumblr é uma plataforma deliciosa, que tem o melhor da Velha Internet: o foco em conteúdos, não em pessoas. Você não “segue” alguém porque é tal pessoa, mas sim porque o conteúdo te agradou.
Faz alguns anos descobri um aplicativo chamado MultiTab for Tumblr (para iPad) e é a minha forma de entrar no Tumblr.
A enxurrada de imagens fica muito bonita na tela do tablet. O Tumblr permite criar universos imagéticos e navegar por eles. Paradoxalmente algo muito reconfortante na sociedade do espetáculo. A principal diferença em relação às outras redes (em especial usando o MultiTab), é que não tem feed algorítmico nem propaganda.
Além do Tumblr, confesso que tenho um perfil no Linkedin. Mantenho uma conta mais ou menos mercadologicamente correta por lá e instalei uma extensão chamada LinkOff, que deixa a timeline um pouco menos lisérgica para lidar com tantas realizações profissionais, fotos com sorrisos após reuniões e mensagens positivas. Mas entro muito pouco lá.
Tenho usado o Mastodon e parece bastante promissor, mas a turma que usa ainda é majoritariamente o pessoal de tecnologia, então falta uma massa mais diversa pra ter conteúdo ainda mais legal. Consegui recentemente uma conta no Bluesky, que também promete algo interessante em relação ao Twitter, mas onde também falta “gente”.
Por fim, uso dois serviços que não são exatamente redes sociais, mas que poderiam ser: o Last.FM, que uso desde 2007, e o Letterboxd (desde 2022). Os dois servem para registrar, respectivamente, as músicas que você escutou ou os filmes que você viu.
Além de conhecer os gostos de pessoas que você encontra por lá e, a partir disso, descobrir coisas novas, as páginas de estatísticas dos dois serviços são um mergulho fabuloso na vida através da música e do cinema. Saber, por exemplo, em quais momentos você estava ouvindo tais músicas é uma viagem quase terapeutica. Ou o que você escutava naquele ano em que aconteceu tal fato na sua vida, ou quando exatamente você viu aquele filme marcante na sua vida.
A Velha Internet segue viva em alguns cantos. A massa tá rolando feed infinito de publicidade no Instagram, compartilhando fake news no Whatsapp ou alimentando ansiedade no Twitter. Mas dá pra buscar algo melhor.