Aplicativos para gestão da informação

arte: charge.ai

No último final de semana descobri dois aplicativos que mudaram bastante o meu fluxo de leitura e organização da informação digital. Um leitor de RSS com “read later” integrado (Reeder – MacOS e iOS) e um aplicativo de notas que funciona como um canivete (Notion – todas as plataformas). Gostei tanto que resolvi escrever um texto sobre eles.

Faz mais de uma década que eu uso o RSS, um padrão aberto para recebimento de conteúdo publicado na internet. É a minha principal “ferramenta” para ler notícias e textos. Falei sobre ele nas Dicas de Sexta, quando o indiquei um artigo sobre os 10 anos de morte do Google Reader.

Talvez durante metade desta década as redes sociais tenham capturado parte do meu tempo e deixado o RSS em segundo plano. Mas conforme a linha do tempo algoritimica ia sendo introduzida nas redes, eu ia saindo delas. Por sorte o Elon Musk resolveu acabar com o Twitter e isso me libertou definitivamente dessa distração dopamínica. De vez em quando dou uma sapeada no Mastodon, mas ainda não consegui achar interessante.

Com a morte do Google Reader em 2013, parti primeiro para o Netvibes (que ainda segue estranhamente vivo) e depois para o Feedly. O complemento natural para os leitores de RSS é um “read later”, um lugar onde você pode guardar textos mais longos para ler depois ou links úteis para usar depois. Para isso eu usava o Pocket. Na semana passada o Pocket anunciou duas mudanças: a integração do login com o Firefox e o fim do aplicativo para desktop.

A primeira mudança (o login) seria tranquila, mas ter que usar qualquer coisa no navegador me dá calafrios. Não apenas pelos inúmeros logins e cookies que acabam expondo a navegação, mas principalmente porque sou velho, gosto de “programas”, algo que os jovens conhecem como “apps”.

Gosto de um programa para cada coisa: um editor de texto (Word), um leitor de e-mails (Apple Mail), um tocador de música (Apple Music), um calendário (Fantastical), um programa para arquivar favoritos (Raindrop), outro pra clipping de notícias (Evernote – porque não apareceu nada menos pior) e assim vai. Navegador é pra navegar, não pra produzir. Meio cringe, diriam os jovens.

Com o fim do aplicativo do Pocket, comecei a buscar uma alternativa e logo achei duas boas opções: o Omnivore e o Instapaper. Escolhi o primeiro, achei mais bonito e com funcionalidades mais adequadas ao meu uso.

Moto-contínuo, resolvi repensar o leitor de RSS. O Feedly já foi muito bom, mas ficou cheio de penduricalhos (muitos disponíveis apenas para assinantes), estava lento demais no tablet e também não oferecia mais o aplicativo, obrigando o uso pelo navegador (ou por outro frontend). Testei primeiro o NetNewsWire, código aberto, cumpre o que promete, mas meio feio e atrapalhado.

Captura de tela do módulo “read later” do Reeder

Aí resolvi arriscar o Reeder. É um aplicativo pago, mas com preço acessível e sem a praga da assinatura. Caramba, é muito bom. Rápido demais, tem sincronização entre dispositivos (Apple apenas), permite tags, abre os links para leitura em tela própria (sem precisar do navegador). E ainda vinha com um “read later” integrado (!!).

Abandonei o Omnivore e o Feedly e fiquei apenas com o Reeder. Pra quem usa ecossistema da Apple, acho que é a melhor opção. Caso contrário, vá de Omnivore e NetNewsWire. Ou mesmo de Feedly e Pocket, mas apenas pare de achar que rede social serve para ficar bem informado.

Captura de tela do Notion

Finalizando o mergulho nerd do final de semana, resolvi testar o Notion, um aplicativo que se apresenta como editor de notas e gerenciador de projetos, mas é bem mais do que isso. Dá pra chamar de “organizador geral”. Pra quem tem TOC, é uma delícia.

O Notion permite a criação e gestão de diversos tipos de conteúdo (tabelas, wikis, listas, textos, tarefas, projetos, etc), além de upload de documentos, conexão com várias plataformas e outras coisas que ainda não descobri. É muito intuitivo, gratuito e o melhor: tem um aplicativo próprio fora do navegador.

Botei um monte de coisas no Notion: receitas de comidas que estavam no Evernote, tracklogs de trabalho, listas de livros e uma porção de informação que estava dispersa em documentos do Word, links do Pocket e em notas espalhadas por vários cantos. O Notion não é um lugar para arquivar coisas, mas para trabalhar nelas. Vale lembrar que também não é o lugar para guardar senhas e outras informações sensíveis.

Parece que existe um conceito chamado “brain dump”, algo como “esvaziar o cérebro”. Não fui muito a fundo, mas ter uma ferramenta simples como o Notion para descarregar o caos da mente e ajudar na criação tem sido uma experiência interessante. Não consegui manter o hábito dos cadernos de papel ao longo da vida e acredito que eles não resolveriam integralmente o problema, já que a fonte de boa parte do que eu quero “esvaziar” vem do mundo digital.

O Notion também se mostrou uma excelente ferramenta para desenvolver os textos aqui para o blog. A facilidade de uso permite escrever a ideia inicial e ir agregando facilmente links e pensamentos que vão aparecendo ao longo dos dias. Quem sabe aumenta a frequência das postagens por aqui. 🙂

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