Hoje, 8 de agosto, é Dia Internacional do Pedestre. Pouco a celebrar por quem vive em São Paulo e na maior parte das cidades brasileiras. Diz a lenda que data foi escolhida por ter sido a mesma da foto dos Beatles atravessando Abbey Road na faixa de pedestres em 1969.
Então escolhi a foto acima pra celebrar a data. E deixo a indicação de um texto que conta a história de como o lobby automobilístico criminalizou a travessia fora da faixa no começo do século XX.
É certo que as faixas de pedestre são importantes, mas existe uma certa obsessão em enquadrar quem caminha no modelo da cidade do automóvel.
Evitar mortes é fundamental e toda ação neste sentido é bem vinda, incluindo boas faixas de pedestre. Mas às vezes parece que nosso olhar coletivo ainda está bastante restrito ao “morreu na contramão atrapalhando o trânsito”, com mais atenção à segunda parte da frase.
Será que não deveríamos falar também de calçadas de qualidade, da redução das velocidades motorizadas, da prioridade absoluta na travessia, de tempos semafóricos decentes, da continuidade dos percursos e de outros ítens tão importantes para que mais pessoas caminhem e com mais qualidade?
Se é pra ficar em fotos dos Beatles, prefiro essa. Uma calçada com piso sem obstáculos onde cabem quatro pessoas lado a lado (e ainda sobra espaço). Quantas dessas existem em São Paulo?
Ou então essa, com os quatro correndo no meio da rua, sem nenhum carro ameaçando. Se fosse nos EUA da década de 1930, poderiam ser presos.
PS: Em São Paulo a Associação Cidade a Pé junta boas pessoas e tem feito um belo e persistente trabalho nesse tempo de refluxo das discussões urbanas.